Terra em transe! Terra gira mais rápido e tem dia mais curto já registrado

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Desde 1960 cientistas calculam a velocidade de rotação da Terra, o planeta já ficou mais rápido 28 vezes

O Laboratório Físico Nacional do Reino Unido revelou medições que apontaram que a Terra está girando mais rápido e provocando dias mais curtos do que o existente há meio século. As análises apontaram que o dia 29 de julho foi o mais curto já registrado desde o início das medições. Como resultado, o planeta levou 1,59 milissegundo a menos para realizar o movimento de rotação; o marco quase foi superado novamente, em 26 de julho, quando cientistas registraram um giro com menos 1,50 milissegundo.

Antes, o recorde de rotação da Terra era de 1,46 milissegundo a menos que as 24 horas tradicionais. Esse dado foi registrado em 19 de julho de 2020. Desde que cientistas começaram a cronometrar os giros terrestres, em 1960, o planeta já superou a própria marca de dia mais curto 28 vezes.

Na teoria, a Terra leva exatos 86.400 segundos para realizar um giro completo. Mas, as rotações completas levam cada vez menos tempo com o passar dos anos. Cientistas ainda não descobriram os reais motivos que causam as alterações nos giros terrestres, mas há algumas suspeitas de processos que podem impactar na forma como percebemos o tempo.

Entre as principais causas apontadas como prováveis para que a Terra gire mais rápido está a mudança climática. Cientistas defendem que o derretimento e o recongelamento das calotas polares nas montanhas mais altas do planeta são as responsáveis por fazer com que o giro aconteça de forma mais rápida, deixando os dias mais curtos. Esses fatores causam mudanças no núcleo terrestre, tremores e um fenômeno chamado Oscilação de Chandler.

O fenômeno é uma pequena divergência no eixo de rotação da Terra. É como se o planeta fosse um grande peão girando, e a oscilação fizesse o objeto ganhar impulso a partir de um impacto no lugar certo em um momento específico.

Alguns cientistas ainda acreditam que a Lua pode ser a culpada pelas alterações na rotação da Terra. O satélite causa alterações gravitacionais, afetando as marés dos oceanos. Com a força das águas, o planeta pode ganhar ou perder velocidade ao longo de 24 horas.

Como a rotação da Terra afeta o cotidiano

A aceleração da rotação da Terra, entretanto, é vista com preocupação pelos pesquisadores. Apesar de parecer minúsculo, o 1,59 milissegundo a menos no tempo de rotação da Terra pode causar problemas sérios em satélites de GPS equipados com relógios atômicos, por exemplo. O fato também pode prejudicar celulares, computadores e sistemas de comunicação conectados ao Protocolo de Tempo de Rede (da sigla NTP, em inglês).

“Se a rotação da Terra continuar acelerando, isso pode levar à introdução do primeiro salto negativo. Isso seria necessário para manter o tempo civil — baseado na batida super constante dos relógios atômicos — em sintonia com o tempo solar, que é baseado no movimento do Sol no céu”, afirmou o astrofísico Graham Jones.

De acordo com ele, fazer esta mudança nos relógios atômicos poderia gerar grande repercussão na infraestrutura de hardware e software que dependem de cronômetros e agendadores. O Tempo Universal Coordenado (UTC) utiliza estes relógios, que medem o tempo segundo o movimento dos elétrons em átomos que foram resfriados.

Caso o planeta continue girando mais rápido seria necessário pular um segundo nos relógios atômicos — responsáveis por fazer a medição. Isso poderia criar problemas para sistemas de Tecnologia da Informação. No entanto, forçar qualquer alteração nos relógios atômicos pode gerar consequências graves em sistemas de comunicação, componentes de hardware e softwares que dependem da precisão do UTC. Por isso, é necessário ter planejamento para enfrentar possíveis crises.