Previsões que Isaac Asimov fez há 35 anos sobre o ano que acabou de começar: 2019

O nome de Isaac Asimov ficou marcado na história por obras icônicas de ficção científica, como Eu, Robô, a série Fundação, O Homem Bicentenário, e tantos outros clássicos deste gênero. É de Asimov, inclusive, a frase que diz “a ficção científica de hoje é o fato científico de amanhã” — frase que, em muitos casos, se mostra verdadeira ao observar os avanços da tecnologia e da exploração espacial.

Asimov, nascido na Rússia, é um dos três grandes maiores nomes da ficção científica, ao lado de Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke. No total, escreveu mais de 500 obras entre livros, cartas e ensaios. Uma de suas características marcantes era o fato de explicar conceitos científicos reais em suas histórias, mesclando fato e ficção. E justamente por ter sido uma figura tão importante, em 1981 um asteroide foi nomeado em sua homenagem: o 5020 Asimov.

E o autor não era um visionário apenas em relação às histórias que saíram de sua mente criativa: em 1964, Asimov conversou com o jornal The New York Times e, naquela entrevista, proferiu uma série de previsões sobre o mundo do futuro, projetando o que ele acreditava que aconteceria em 50 anos (ou seja, em 2014). E, ainda que muitos termos usados por ele não fossem os que se mostraram acertados, ele previu com maestria a existência de fornos de micro-ondas, da fibra óptica, da internet, dos microchips e das TVs de tela plana. Contudo, foi otimista ao vislumbrar para 2014 a existência de carros voadores.

Já em outra entrevista, concedida em 1983, o Toronto Star publicou previsões de Asimov para 2019, justamente o ano que acabou de começar em nossa linha do tempo. A escolha da data, por sinal, foi pensando em um mundo 35 anos depois da história de 1984, de George Orwell.

O célebre e visionário Isaac Asimov

Entre o que Asimov previu para este ano que acaba de começar, estão coisas como “o objeto computadorizado móvel penetrando as casas”, o que pode ser entendido como a evolução dos gadgets mobile e também tem relação com a internet das coisas. O autor, nesse sentido, também previu que em 2019 já seria impossível viver sem essas tecnologias na sociedade — o que não deixa de ser uma verdade.

Além disso, ele previu que computadores transformariam os hábitos de trabalho, e que a robótica extinguiria “tarefas rotineiras e de linha de montagem”, coisa que também vem acontecendo. Asimov disse também que neste ano a sociedade precisaria de uma “vasta mudança na natureza da educação, e populações inteiras precisarão ser alfabetizadas em computadores, e ensinadas a lidar com um mundo de alta tecnologia”.

Tudo isso vem se mostrando verdadeiro, mas Asimov também fez previsões um pouco equivocadas, no entanto. Um exemplo é que, de maneira correta, ele previu que a tecnologia revolucionaria a educação, mas ele disse, de maneira incorreta, que a escolaridade tradicional já se tornaria desatualizada em um cenário em que as crianças pudessem aprender tudo o que precisassem em casa, em seus computadores. Isso é tecnicamente possível, mas não é uma previsão acertada pelo fato de que as escolas ainda existem em moldes tradicionais, com alunos aprendendo em sala de aula e sendo guiados por professores.

Quanto à exploração espacial, Asimov previu que em 2019 já estaríamos no espaço “para ficar”, o que é uma previsão acertada se considerar nossa presença fixa na Estação Espacial Internacional, que vem sendo ocupada de maneira ininterrupta há quase vinte anos. Contudo, o autor imaginou que em 2019 a humanidade já estaria de volta à Lua, o que ainda não aconteceu, mas acontecerá nos próximos anos, então essa previsão também pode ser colocada na lista de acertos com um pouquinho de atraso. O que Asimov errou quanto à presença na Lua, no entanto, é que ele imaginou que em 2019 já teríamos operações de mineração, fábricas e até uma estação de energia solar em nosso satélite natural — o que ainda está longe de acontecer.

Outra previsão de Asimov para 2019 que ainda não se mostrou verdadeira, mas acontecerá no futuro, é que teríamos assentamentos fixos na Lua. Ele previu que “até 2019, o primeiro assentamento espacial deve estar em planejamento e talvez em construção, e este seria o primeiro de muitos em que os humanos poderiam viver às dezenas de milhares, e em que poderiam construir pequenas sociedades de todos os tipos, dando à humanidade um novo impulso”.

É verdade que a NASA enviará astronautas à Lua novamente em breve, mas ainda não há uma data concreta para tal. Também é verdade que a agência espacial chinesa vem planejando a construção de uma base fixa na Lua, mirando em explorações futuras, mas isso também ainda está somente no papel, por enquanto, com a agência, no momento, focando seu trabalho na missão Chang’e 4, a primeira a pousar um rover no lado afastado de nosso satélite natural.

Texto: Patrícia Gnipper,Canaltech

Foto: Mondadori Portfolio