Em Pouso Alegre é proibido chover mas São Pedro não dá bola para a politicagem de ano eleitoral
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Na manhã desta segunda-feira, 26, Pouso Alegre amanheceu com vários bairros alagados e pessoas ilhadas sendo socorridas pelo Corpo de Bombeiros. O bairro mais atingido foi o bairro Faisqueira. Até mesmo a BR459 foi atingida por um alagamento sem precedentes no trajeto entre Pouso Alegre e Congonhal. Equipes da Prefeitura de Pouso Alegre trabalham para desobstrução das vias. O Corpo de Bombeiros apontou o perigo em uma ponte na Faisqueira com risco de rachaduras no asfalto. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros monitoram os bairros afetados.
Choveu, ferrou! Um dia é um bairro, outro dia é outro, mas sempre com consequências do mau planejamento da infra-estrutura de Pouso Alegre desde 2.017 quando o ex-prefeito – agora eleito deputado federal – assumiu a Prefeitura. Apesar de toda a dinheirama que escorreu nos cofres públicos nesse período, só os bairros nas alturas – de alto poder aquisitivo – estão livres, por enquanto, de tragédias maiores.
Consideradas fenômenos naturais, as enchentes que assolam Pouso Alegre são intensificadas pela prática maléfica de falta de planejamento urbano e desmatamento desenfreado. Infelizmente, todo ano é a mesma coisa: entre os meses de dezembro e fevereiro, as manchetes são desoladoras mostrando a elevação dos cursos d´água, a inundação de casas e ruas, desencadeando uma série de tragédias que, durante anos, foram evitadas ou minimizadas.
Cercada pelos rios Sapucaí, Sapucaí-Mirim, Rio Cervo, Rio Mandu e o Rio Itaim, a causa considerada principal para as enchentes dos últimos seis anos em Pouso Alegre é, sem dúvida, a impermeabilização do solo sem nenhum estudo sobre as condições de infiltração do solo pela impermeabilização. Com a pavimentação das ruas, a cimentação de calçadas juntando a falta de planejamento no corte das árvores e desmatamento compulsivo, a maior parte da água que deveria infiltrar no solo escorre na superfície, provocando o aumento das enxurradas, a elevação dos rios e o aumento da velocidade do escoamento que vem dos bairros mais altos.
O sistema de drenagem está caótico. A falta de planejamento, sem bueiros em alguns locais, sem uma limpeza efetiva dos antigos sistemas de drenagem e as mais diversas construções que seriam responsáveis pela contenção ou do desvio da água que corre para os rios, provocando a cheia deles. Vale lembrar que somente a construção de bueiros e sistemas de drenagem podem não ser suficientes sem um estudo acurado sobre a autorização para construção de prédios e loteamentos de forma desordenada, isso porque a ampliação dessas áreas podem elevar gradualmente a vazão das enxurradas ao longo dos anos, fazendo com que as drenagens existentes não consigam atender toda a demanda.
Algumas áreas cuja ocupação estão sendo autorizadas nos últimos seis anos, correspondem ao leito maior de um rio que, esporadicamente, inunda. Com a ocupação em um sério estudo de vazão dessas áreas – muitas vezes causada pela ausência de planejamento adequado – as pessoas estão sujeitas à ocorrência de inundações. Além disso, a remoção da vegetação que compõe o entorno do rio intensifica o processo pois ela tem a função de reter parte dos sedimentos que vão para o leito e aumentam o nível das águas.
Para minimizar possíveis enchentes em Pouso Alegre há necessidade absoluta de desassoreamento dos cinco rios que cortam a cidade aumentando sua profundidade, bem como a construção de sistemas eficientes de drenagem e a criação de reservas vegetais nas margens dos rios; aliás, também cuidados especiais para com o Horto Florestal – Parque Natural Municipal de Pouso Alegre Prof. Fernando Afonso Bonillo – que abriga o “rabicho” do aquífero Guarani seguindo justamente para o bairro Faisqueira onde, vale ressaltar, no final da década de 1980, o geólogo coronel Ubirajara Rocha acompanhado de uma grande equipe – e do então servidor do IBAMA Fernando Bonillo – descobriu a água mineral das mais raras no pais, com uma composição raríssima de carbono gasoso e radiotividade que, na Faisqueira, foi canalizada pelo Sr. Santos da empresa Britasul, de forma gratuita.
A prevenção das enchentes deveria acontecer nos meses mais secos porque, as inundações, além de danos materiais, podem provocar doenças, como a leptospirose. Portanto, trata-se também de uma questão de saúde pública.
Nota da Prefeitura de Pouso Alegre
“A Prefeitura de Pouso Alegre informa que devido ao grande volume de chuvas nas últimas horas, pontos da cidade estão em situação de alerta.
O município entende que o fluxo de veículos e pedestres durante o período de férias é reduzido e pede que pessoas que não necessitam sair de casa evitem o deslocamento.
Pontos de alerta:
– Rua Antônio Scoodeler, bairro Faisqueira;
– Via Faisqueira,
– Bairro da Cava,
– Região do Vale das Andorinhas;
– Região do Bairro São Geraldo;
– Cruzamento da Alferes Gomes de Oliveira com a Avenida Três Corações, bairro São João.
A Prefeitura ressalta que equipes estão trabalhando para desobstrução das vias”.
Segundo a previsão numérica do CPTEC/INPE – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, as chuvas em Pouso Alegre podem seguir até 7 de janeiro próximo.