Divulgadas as primeiras perspectivas de produção e preços de produtos agropecuários para 2022

A nota sobre preços e mercados agropecuários, com perspectivas para 2022, além de análise do último trimestre de 2021 e do balanço de oferta e demanda, produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) já está disponível. O documento conta com a participação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Enquanto a Companhia trouxe um panorama de produção e dos balanços de oferta e demanda no mercado interno, o Cepea ficou responsável pelas análises dos preços domésticos.

De acordo com o 2º Levantamento da Conab, há perspectiva para uma nova safra recorde de soja no ciclo 2021/22, com estimativa de aumento em 3,4%, além de uma recuperação na produção de milho, cultura prejudicada pelas condições climáticas no período 2020/21. “Se confirmada, o Brasil deve recuperar seu protagonismo no mercado internacional, como segundo ou terceiro maior exportador mundial do cereal, além de ter uma recuperação dos estoques esperados ao final do ano-safra 2022/23”, pondera o superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira.

A questão climática, que tanto trouxe preocupação para o produtor rural, também é apontada como um dos fatores determinantes para a safra 2022. O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior, sinaliza que o clima contribuirá para a formação dos preços dos produtos agropecuários. Além disso, o diretor aponta que “os preços internacionais apresentam tendência de crescimento graças ao movimento de recomposição de estoques por parte de diversos países e ao aquecimento da demanda por grãos, principalmente os destinados para ração animal”.

Cotações no mercado interno

No terceiro trimestre deste ano, os preços domésticos registraram certa estabilidade em patamares elevados na comparação com o trimestre anterior. Os baixos estoques de soja no período e a demanda aquecida (tanto externa, quanto interna) justificaram a alta. Já o milho, que subiu em julho e agosto com as preocupações com o desenvolvimento da safra, registrou queda em setembro graças ao avanço da colheita da 2ª safra do grão.

Segundo Nicole Rennó, pesquisadora da área de Macroeconomia do Cepea, os movimentos dos preços domésticos agropecuários no terceiro trimestre foram bem variados. “Para os grãos, a estabilidade em elevados patamares refletiu a boa demanda e a oferta ajustada. Na pecuária, frango, leite e ovos subiram com o aumento da demanda por proteínas mais baratas e dos custos de produção, mas a arroba bovina caiu diante da suspensão dos envios desta carne à China”, disse ela.

No caso do café, a oferta restrita da safra atual, decorrente da bienalidade negativa, e o clima desfavorável foram responsáveis por colocá-lo no roll dos produtos que registrou o maior aumento de preço no terceiro trimestre deste ano. Os problemas climáticos vêm contribuindo para as altas no preço internacional em função da perspectiva de baixa produção para a safra 2022/23.

Outras informações sobre os demais produtos analisados estão disponíveis na íntegra da nota de conjuntura, publicada no site do Ipea.