Em Pouso Alegre, chuva sem trégua pede correção de políticas públicas no meio ambiente
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Em meio ao caos que se transformou parte do bairro São Geraldo – por falta de manutenção adequada de bombas de sucção por parte da Prefeitura – alguns moradores que estão sofrendo novamente com o alagamento das ruas resolveram festejar e mostrar alegria mesmo diante das dificuldades que essa parte do São Geraldo está passando. Segundo Juliano, “se nóis já tá lascado mesmo pra que chorar mais?”
Possivelmente a ideia veio do filme “O Dia Depois de Amanhã”, onde o cientista Terry Rapson, ao ver-se com sua equipe ilhada em seu laboratório na Escócia por uma avalanche de neve e sem alternativa para solucionar o problema, resolve sentar-se e brindar com uísque sua tristeza ao invés de apavorar-se.
Vários bairros de Pouso Alegre, além do São Geraldo, tiveram problemas de alagamento, inclusive alguns da zona rural. No bairro Ipiranga Olaria, o designer Tiago Ruas mostra como estava antes e como está agora quando a água já teve vazão.
A chuva tem sido generosa com os agricultores de Pouso Alegre, entretanto no Centro e em vários bairros as pancadas de chuva mostraram problemas que, apesar de serem considerados comuns em período chuvoso, afetam famílias inteiras e no caso da Bom Jesus, também os comerciantes.
Diferente dos problemas gravíssimos que têm acontecido Minas afora, não há tragédias acontecendo em Pouso Alegre além do prejuízo financeiro provocado nas famílias menos favorecidas que sofreram inundação de suas casas e comércios.
Com a construção da Dique 2 em 2012 – obra fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta da Copasa com o município e governos Federal e Estadual – as inundações como as que ocorriam no passado foram minimizadas. Porém, apesar da Dique 2 e da Lagoa da Banana – lago artificial construído para conter as enchentes de verão em Pouso Alegre – o risco de inundações agravou-se com o crescimento desordenado do perímetro urbano e das áreas pertencentes às bacias dos rios Sapucaí-Mirim e Mandu.
Nos últimos anos, essa condição foi agravada pela impermeabilização asfáltica de ruas e construções em áreas não recomendadas, bem como desmatamento e aterramento indiscriminado que alteraram padrões de drenagem naturais para tornarem tais áreas adequadas à urbanização.
A inesperada inundação de locais como o São Geraldo, Shangri-lá, Faisqueira, Ipiranga Olaria e outros cantos menos afetados, mostraram aos setores públicos de Pouso Alegre que as normas que estão regendo a área de meio ambiente possuem falhas importantes a serem corrigidas. Pequenos problemas, como a manutenção adequada das bombas da Dique 2 e Lagoa da Banana, merecem atenção apropriada e não apenas quando muito necessárias quando como no caso de grande volume de água. Pequenos problemas não resolvidos a tempo, protelados e engavetados para serem resolvidos depois – ou, pior, quando alertados, respondidos com xingamentos e desculpas estapafúrdias – trazem sérios transtornos.
Ter em mãos estudos pluviométricos e de meio ambiente – como o que deve estar guardado em alguma canto da Prefeitura de Pouso Alegre, assinado pelo Coronel Ubiratan em 1986. O engenheiro de minas Coronel Ubiratan e sua equipe de geólogos e biólogos fez um brilhante estudo de Pouso Alegre na época, onde constatou que parte da cidade está sobre um aquífero – considerado um “rabicho” distante do Aquífero Guarani – que vai em Pouso Alegre do Horto Florestal até o Cervo, passando pela Faisqueira e bairros rurais daquela região. Acompanhado pelo engenheiro florestal Fernando Bonillo, pelo ambientalista Fernando Fernandes, por servidores da Prefeitura e vários jornalistas na época, Coronel Ubiratan mapeou várias minas de água mineral que foram, posteriormente, canalizadas por prefeitos interessados no meio-ambiente. Uma das minas de Pouso Alegre, na Faisqueira, foi detectada pelos testes do Coronel Ubiratan como a água mineral com um dos maiores índices de recursos minerais do país.
Como se pode constatar, apesar dos reiterados avisos de fortes chuvas na região, faltou precaução à Prefeitura de Pouso Alegre em resolver pequenos problemas deixando tudo para a última hora quando as águas já estavam inundando ruas e bairros.