Direto aos comerciantes: pânico também é epidemia
Efeito manada
Pode faltar óleo, feijão e cabeça fria
*Por AC Yazbek
O Efeito Manada se instalou na Europa. O consciente coletivo de que vai ter desabastecimento gera cenas de lojas desabastecidas. O pânico levou o consumidor a estocar alimentos, artigos de higiene e limpeza. Quem viveu o plano Cruzado, no Brasil, viu tudo isso acontecer. Diziam que iria faltar papel higiênico e faltava, diziam que iria faltar feijão e faltava, diziam que iria faltar óleo e faltava. Aconteceu o pior, tudo faltava, o consumidor entrava nos supermercados, empórios, mercearias, padarias, mercados, mercadinhos e feiras, para comprar qualquer coisa.
Dentro das lojas, filas quilométricas para conseguir um frango, um quilo de carne, um saco de feijão. Não havia estoque que bastasse, marcas secundárias fizeram a festa, zeraram os estoques e lançaram produtos alternativos. Como os preços estavam congelados, novas embalagens mascaravam produtos antigos com preços novos. Quem abatia frango, por exemplo, começou a agregar valor, com o produto temperado e levemente defumado, para vender pelo dobro do preço.
Foi um período em que imperava a propina para os chefes de expedição. A logística foi prás cucuias, o planejamento encontrava um paredão diante de sí, faltavam ingredientes para as fábricas, faltava matéria prima, faltavam embalagens. Os estrategistas de marketing viraram fantoches do mercado, as campanhas publicitárias desmilinguiram, o mercado comprava o que tivesse, as marcas perderam relevância. Lembram? O comprador lutava com selvageria e canibalismo. Era comum o consumidor encher o carrinho com fardos de papel higiênico, ou quilos de feijão e quando virasse as costas para pegar alguma coisa em gôndola, o carrinho estava vazio.
Esse comportamento de mercado era pontual e bem conhecido do consumidor, acontecia sempre que a fatídica SUNAB tabelava o preço de algum produto. A corrida nas lojas levava ao desabastecimento. Não havia tempo para reabastecimento e quando acontecia o preço era outro. Nos governos militares foi assim: a inflação galopava, deteriorando o salário e quem não comprasse no dia do pagamento, corria dois riscos – ficava sem mercadoria ou pagava muito mais caro.
E agora? Será que podemos agir com bom senso e evitar o efeito manada? Arregace as mangas, não tenha medo. Fixe um limite de compra por consumidor, para os produtos básicos e reforce seus estoques, por precaução, principalmente daqueles itens com prazo de validade dilatados. Faça campanha informando “Aqui não vai faltar”, negocie com os fornecedores para gerar uma logística de abastecimento coerente com a ocasião e o tamanho da sua rede. Não fique esperando o mundo desabar para correr atrás. Quem deixa para depois não chega a lugar nenhum.
É o momento da ousadia, ofereça serviço de delivery, por telefone, pela internet, por aplicativo. Use todos os meios e canais, para dizer ao seu consumidor: “não fuja de minha rede, nós temos toda a comodidade para você não se contagiar pela epidemia do pânico”. Já chega o corona vírus como ameça. Você não pode perder a batalha para os concorrentes e principalmente para os serviços online de entrega de refeições.
Fique à frente liderando toda sua equipe, para não ter depois que correr atrás abanando as mãos!