Cafés mais tolerantes à ferrugem são destaque em Minas Gerais

As cultivares, geneticamente melhoradas, são capazes de tolerar a ferrugem com mais vigor,
o que facilita a vida do cafeicultor

O último fim de semana marcou o início da florada da próxima safra de café nas principais áreas produtoras de Minas. Segundo pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a quantidade e a abrangência das flores são significativas, fato que deixou os produtores animados com a possibilidade de boas colheitas. Para os próximos meses, as plantas dependerão das condições do tempo para gerar bons frutos.

Parques cafeeiros de regiões como o Sul, Cerrado e Matas mineiras estão com flores por todos os lados. Mas cenas como essas não são uma exclusividade de Minas Gerais. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de cafés do Brasil estimada para 2019 é de 48,99 milhões de sacas de 60 kg cada. Desse total, 34,47 milhões são da espécie de café arábica, o que equivale a quase 70% da produção. Os outros 30%, cerca de 14,5 milhões de saca, são da espécie conilon. Os dados estão disponíveis na íntegra no site Observatório do Café.

Contudo, a ferrugem, principal doença que ataca cafeeiros no país e causa grandes prejuízos aos produtores, continua devastando lavouras inteiras em Minas e em outros estados do país. Segundo o pesquisador da EPAMIG em cafeicultura, César Botelho, o parque cafeeiro do Brasil é constituído, em sua grande maioria, por cultivares do grupo Catuaí e Mundo Novo. Para César, essas cultivares são produtivas e adaptáveis, mas bastante suscetíveis a ferrugem.

“Nos últimos anos percebemos que a ferrugem está chegando um pouco mais tarde, no período da colheita, e, desse modo, fica mais difícil fazer o controle necessário. Consequentemente, quem não consegue fazer um controle eficiente tem como resultado lavouras com pouca ou nenhuma produção”, afirma César Botelho.

Em meio ao contexto de doenças em cafeeiros, as cultivares desenvolvidas pela EPAMIG são destaques na florada da próxima safra. De acordo com imagens publicadas por pesquisadores, as cultivares da empresa, geneticamente melhoradas, são capazes de tolerar a ferrugem com mais vigor, o que facilita a vida do cafeicultor. Além disso, a qualidade da bebida dessas cultivares é superior se comparada com os outros cafés mais plantados em Minas Gerais.

Nesse sentido, César Botelho afirma que o controle genético é, hoje, a alternativa mais indicada para facilitar o manejo da ferrugem. Entre os materiais da EPAMIG mais tolerantes à doença estão a Paraíso MGS 419-1, indicada para cafeicultura de montanha; a MGS Paraíso 2, ideal para cafeicultura empresarial mecanizada; a Catiguá MG2, destaque em termo de qualidade de bebida; a MGS Aranãs, igualmente destacada pela qualidade de bebida; e a recém-lançada MGS Ametista, tolerante à seca, a solos arenosos e à ferrugem.

O engenheiro agrônomo, César Jordão, planta a variedade MGS Paraíso 2 em sua fazenda no município de Monte Carmelo (MG) há mais de dez anos. O produtor se mostra satisfeito com a lavoura e, segundo ele, a variedade se destaca principalmente em produtividade e qualidade.

“Essa variedade chegou até a minha propriedade por meio de um experimento proposto pela EPAMIG. Desde então é a variedade que mais se destaca dentre as demais. A MGS Paraíso 2 possui uma ótima maturação, ótimo desenvolvimento de ramas, ótimo tamanho de frutos e um excelente vigor”, declara César Jordão.

*Com informações da Epamig